quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Em Reforma

Ás vezes é difícil escrever quando não está se sentindo nada. Muito difícil, diga-se de passagem. No entanto, apesar de o coração estar parado, teoricamente, a cabeça não parou por um segundo.
Tem uma guerra acontecendo nesse momento no meu cérebro. Pela primeira vez, meu lado racional está levando vantagem, o que é um fato histórico.
Entrei numa nova dieta, expectations free. É tipo aquela dieta sem lactose, mas com as expectativas, no caso. Tenho tentado me manter longe de pessoas que conseguem me deixar com expectativas altíssimas por medo de sofrer. Eu sei que meu sofrimento não é por culpa delas, mas minha, por depositar tantas esperanças em seres mutáveis e acabar me decepcionando quando eles não conseguem alcançar aquilo que eu espero.
É que eu sou boba, sabe? "Eu tenho que manter a minha fama de mal", mas na verdade eu só queria dar certo. Certo. Comigo e com todo mundo, só que as vezes a bagunça aqui dentro tá tão grande, que acaba virando uma bomba relógio que, para explodir e atingir todos que estiverem por perto, leva no máximo cinco minutos.
Por isso eu preciso organizar a bagunça da última explosão, varrer os caquinhos e limpar a sujeira antes de receber a próxima vítima nesse freak show, que é meu coração. Brincadeira. É só que com o caos eu já sei lidar, mas não com a calmaria e, talvez, seja isso que me impeça de dar (mais) outra chance para o acaso. 
Preciso me redimir comigo mesma e espero que eu consiga lidar com essa pessoa tão difícil que sou eu.

                   

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Livre

É muito estranho perceber que os sentimentos nutridos por alguém estão se esvaindo...
Eu vejo isso acontecer por uma janela secreta, como se eu fosse um personagem alheio a toda aquela velha história. Talvez eu fosse. Talvez eu sempre fui. 
Eu não nasci para ser coadjuvante de nenhum filme. Eu não nasci para ser a ponta, nem a professora substituta, nem o reserva e muito menos o apoio. Eu não nasci para ser a segunda opção de ninguém que não fosse eu mesma, para me escolher outra vez quando eu me enjoasse. Por isso eu não vou mais aceitar esses papeis que você me fez acreditar ser capaz de fazer.
Não sei se consigo escrever, pela primeira vez, o que eu estou sentindo. Porque isso não tem nome. Talvez isso esteja acontecendo por não ter sentimento a ser escrito. Porque acabou e eu nem senti acabar. Porque eu nem sofri para esquecer. Porque eu nem me esforcei. Porque eu nem quis. Eu só percebi. Eu só senti a falta de sentir. 
Leve. Comigo, contigo: leve tudo. Vazio eu, você, agora, passado. Passou!
Eu tô bem.
E você também.
E é assim que tem que ser.
Eu estou livre.