quarta-feira, 31 de maio de 2017

Que horas são?

Você me disse para escrever, então eu tô escrevendo...

As coisas desmoronaram. 
Nós tentamos e por um momento eu achei que conseguiríamos ser tudo aquilo que eu tinha sonhado por um bom tempo. Você me preencheu de verdade durante essa eternidade que foi nossa vida útil. Eternidade não no sentido de lentidão. Eterno porque enquanto estávamos juntos cada segundo se estendia e se transformava em uma vida do seu lado. É clichê mas é verdade.
O nosso tempo nunca foi convencional.
Cada pedaço de segundo-de-vida-eterna me mostravam que eu tinha encontrado a pessoa que eu queria multiplicar todas essas eternidades. Mas em algum momento...
O relógio parou.
Ele parou e eu perdi a noção da minha vida. Literalmente. 
Eu vi meus planos, meus ideais, minhas paixões, meus objetivos travados em cima dos ponteiros. Eu não sabia mais o que fazer, já não sabia mais quem eu era porque tudo que eu comecei a construir a partir do nosso eterno, tinha sido planejado para realmente ser eterno com você. Eu já tinha programado tudo, mesmo me perguntando inúmeras vezes se eu também estava inclusa nos seus planos. Talvez você nunca tenha parado para pensar nisso, mas é que na minha cabeça, eu não precisava pensar em nada, se era uma coisa tão óbvia. Para mim. 
Relógio parado não serve para nada.
Guardei em uma gaveta e, apesar de gostar muito dele, eu entendia que ele já não tinha utilidade.
Fui viver minha vida sem contar o tempo.
Fui de mal a pior. Não conseguia me situar, ficava perdida. Acordada a noite e dormindo de dia. Vagando pelo eterno silêncio do relógio. Até que me acostumei. Redescobri que as noites eram realmente minhas. Minhas porque no escuro não dá pra enxergar nossas falhas e eu fui obrigada a me aceitar e a abraçar quem eu era. E eu gostei disso. Gostei de quem eu era longe da nossa eternidade. Gostei de ver toda minha valentia insistir em se mostrar bem. Gostei de ver meu nariz bem levantado toda vez que sentiam pena de mim. Gostei de me ver melhorar e reaprender a ser feliz sozinha.
O problema é que o relógio voltou a funcionar...
Mas infelizmente os ponteiros estavam descoordenados e a eternidade dos segundos agora os afastavam e os impediam de se encontrar. 
Agora é a hora que eu mudo o tempo do texto, já que de tempo eu entendo tanto.
Eles continuam se afastando e isso tá me doendo.
Eu te vejo, te sinto e tô tentando te segurar. Eu tô na ponta dos pés para te alcançar e puxar seu ponteiro para que a gente se encontre, mas não tá dando. Eu quero você na minha vida mas não posso te forçar a ficar. Eu espero que fique, mesmo que nosso tempo não seja o mesmo, mesmo que nossa eternidade seja agora distribuída em momentos, dividida em pequenos "para sempre". Mesmo que nossa hora não seja agora e mesmo que nossa eternidade eterna só comece daqui cinco anos, como já me disseram.
Eu espero que você fique para que juntos, nós possamos acertar esses ponteiros mesmo separados.
Eu espero que você fique para que de um jeito ou de outro a gente encontre as peças certas que façam esses ponteiros se reencontrar.
Eu espero que você fique, para que todas as nossas horas se transformem em dias, semanas, meses e anos.
Eu espero que você fique.
Se não ficar, a gente pode jogar esse relógio fora, ou então guardá-lo de novo.
O tempo costuma agregar valor às coisas. Quem sabe nosso relógio se torna uma daquelas peças de coleção que todo mundo quer ter, mas pouquíssimos tem a oportunidade de encontrar um, como nós dois tivemos. Se um dia isso acontecer, eu espero que a gente entenda que mesmo você sendo 10:00 horas e eu 22:00 horas (salvo o trocadilho), nós ainda representamos o mesmo número, apenas em turnos diferentes. Nós somos opostos, mas no fim das contas somos, queremos e sonhamos com as mesmas coisas e é isso que sempre nos uniu.

Então, que horas são?

"Darling you're with me, forever and always."


Laura.