terça-feira, 11 de junho de 2013

Inverno pessoal

Não me recordo muito bem da minha infância, mas creio que, diferentemente da Lua, o Sol nunca havia me prendido a atenção. Talvez por sua luz exagerada, capaz de cegar meus pequenos olhos e o calor escaldante que cozinhava os poros de minha pele, um a um, não permitiam-me admirar sua imensidão.
Estamos em Junho. O inverno já se faz presente e percebi que meus sentimentos estão em sintonia com as estações: Verão me traz uma alegria insuportável (culpa do Sol que não desiste de fritar meus miolos!); Outono e Primavera com uma indiferença incalculável — o que realmente me agrada. Mas o Inverno... Ele traz à tona minha mais profunda essência.
Já repararam no céu dessa época do ano? O nascer e o fim do dia marcados por uma explosão de cores que me faz pensar que, pela primeira vez na vida, esse tal de Sol fez algo certo para mim. Ver a luz ofuscada pela penumbra, e sua junção produzir algo tão bonito quanto um céu "arco-irizado" me mostra que também sou assim.
Eu que achava que era uma pessoa intensa, começo a ter certeza disso cada vez que olho para cima no inverno. Todas aquelas cores misturadas me fazem entender que a bagunça, talvez, seja a resposta para ser. Ser eu e cuspir meu fogo de artifício emocional, independente de onde irá explodir. Quero mais que exploda mesmo, e exploda tudo, pouco a pouco em todo mundo. E quem for fraco o suficiente para se machucar com as centelhas, que seja levado a um hospital bem longe de mim.
Ser esse tanto de confusão, de luz e sombra, de exagero de palavras e sentimentos. É isso que eu quero ser e é isso que sou. Acho que o Sol deixou meu cérebro por muito tempo na frigideira e acabou criando esse mar de inconstância que me compõe. Mas não importa.
As estações tem que mudar e nós também e eu só quero que o verão passe depressa. Se fosse inverno todo dia, talvez houvessem mais pessoas iguais a mim — o pior é que eu nem sei se isso é bom. Talvez a vida fosse mais fácil e a falsidade não dominasse o muno. Talvez as pessoas se aceitassem mais, talvez tudo fosse mais simples.
São em momentos como esse que me pergunto: será que no Pólo Norte onde a Aurora Boreal pinta os céus, juntamente com um inverno constante, há mais pessoas assim? Ou eu sou só um defeito de fabricação mesmo? Não sei. O que eu sei é que esse Sol, o mesmo que escalda minha mente é o mesmo que me dá o céu, que me devolve a mim. Por isso eu só queria um verão curto e um inverno duradouro para que, assim, eu pudesse ficar mais tempo comigo mesma.

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